É a hora da quietação...

 

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5, 44-45

«Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores.»

 

              É a hora da quietação, de colher da árvore cada fruto maduro,

              Minha ausência do burburinho

              da quotidiana jornada,

              onde não há paz nem há sossego.

 

              E porque tudo vem de uma única fonte,

              até parece que em Mim

              um gládio triunfante nasce

              e vibra em cada palavra ferida nesse movimento do mundo

              intrépido

              até se aquietar no silêncio do Meu lugar.

O corcel do pensamento...


5, 39-41

«Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém quiser pleitear contigo para te tirar a túnica, dá-lhe também a capa. E se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, caminha com ele duas.»

             

              O corcel do pensamento não para

              e, nesse movimento atordoador, se encerra a Minha dor –

              mas não a desfaço

              há nela uma alegria e um cansaço que, no sopro de um tempo,

              a Mim me traz alento.

 

              Colho, por isso, o bem no mal, ciente que tudo vale.

 

              E, na Minha última fronteira, a do cais deserto,

              talvez o pensamento não corra em Mim tão perto.

  

Por que apartar o belo...

5, 14-16

«Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.»

 

            Por que apartar o belo e o bom da inteireza do Meu ser?,

se neles se compraz a Minha alegria.

Não há outro miradouro, que não o dos olhos da alma,

que veem até por entre trevas o nascer do dia.

 

E, em Mim, e em cada um de nós, que luz é esta?,

que eterna se renova, na sua passagem pelo mundo;

sem dormir o sono profundo.

É a luz que luz do Meu coração e que brilha onde eu estou,

sendo aquilo que eu sou.

 

E nada mais, para além desta luz, importa. Um sonho é coisa morta.

E a vida, que requer o bem, precisa sempre da beleza de alguém.

  

Ouro e orvalho puros...


5, 13

«Vós sois o sal da terra. Ora se o sal se corromper, com que se há de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens.»

 

            Ouro e orvalho puros em Mim.

Transfiguração perdida no tempo da viagem; a que não volto mais.

E, mesmo que de novo amanheça o dia que antes já foi,

sei bem que o Meu pensamento não acompanha o fulgor da luz

que os Meus olhos viram no passado;

ânsia de verdade que se cruzou com o mistério.

 

Esta é a medida de todas as coisas que se desfaz no presente

e não encontra, no Meu ser, a riqueza incorruptível da eternidade

– estranho sopro de imensidão sem o perdão.

  

Traçado está o destino...

6, 25-26 «Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o ...